Nas representações culturais, os animais vivem livres, felizes, e interagem harmoniosamente uns com os outros nos prados verdejantes ou nas bucólicas montanhas. Contudo, estas
idílicas construções apresentam-se desfasadas das realidades experienciadas por milhões
de animais que são diariamente explorados, serializados, coisificados e mortos pela indústria agropecuária.
Neste livro analisam-se as práticas de consumo de “carne” e de outros produtos de origem animal, considerando o papel significativo da cultura dominante no processo de Condicionamento e sedimentação de determinadas perceções, padronizadas, em torno dos animais explorados para fins
alimentares.
Dá-se visibilidade a algumas das práticas exploratórias e violentas a que os animais estão
sujeitos na agropecuária em Portugal, comparando-as com casos paradigmáticos de
representações culturais que evocam os animais, a “carne” e o leite bovino. As notórias
discrepâncias entre as mitificantes representações da cultura dominante e as reais vivências
constantemente omissas a que os animais explorados estão sujeitos, desempenham um
papel fundamental para que as perceções e as práticas de consumo de “carne”, e de outros
produtos de origem animal, se mantenham intactas.