Segundo José António Gomes, em 'Não Conto', a escrita ágil de Sérgio Almeida desafia o leitor a uma incursão num mundo grotesco e demencial, cujos pilares são o humor negro, e sobretudo o gosto pela deformação, a caricatura e o excesso. Com estas armas, a sátira, no seu afã demolidor, pouca coisa deixa de pé, a começar pelos costumes, pela vida familiar e pelo universo literário, e terminando nos discursos filosófico e político".
Do drama de um revisor de comboios que, à força de observar milhares de passageiros diários, se esquece dos contornos do próprio rosto, às memórias do célebre ditador A. H. narradas pelo seu bigode de estimação, “Não conto” é uma jornada sem retorno assegurado pelos meandros imprevisíveis mas sempre fascinantes da psique humana.
Ociosas, instáveis ou megalómanas, às personagens aqui reunidas não falta nenhum dos pecados capitais, com exceção do maior de todos: a normalidade.
Segundo as palavras do prefácio – também trazidas para a capa do livro – do conceituado escritor Manuel da Silva Ramos, o tesouro de Sérgio Almeida é fascinante e não tem horas de encerramento. Contam-se pelos dedos os escritores da sua geração que possuem tais dons literários.