Miguel cresce a acreditar que Deus e o avô Jorge sabem tudo o que está certo e o que está errado.
Ou não sabem?
Porque se Deus fosse assim tão justo não teria deixado que o avô levasse com uma enxada na cabeça, que o tio se desse como morto para ir viver com a amante, que o padre Cláudio pecasse com uma jovem paroquiana e que o Artur ficasse anormal por beber biberões de vinho tinto dados pelo pai.
Talvez Deus ande distraído daquela aldeia onde tudo parece pacato até começarem a surgir roubos, mentiras e infidelidades. Ou talvez Deus esteja a ver até onde se atrevem para depois perdoar-lhes todos os pecados. Afinal de contas, é tudo gente séria. Ou talvez não…