O que é que Fernando Pessoa pensava realmente das mulheres? O que pensava realmente das mulheres um poeta a quem – excepção feita ao seu devaneio amoroso com Ofélia – não se conhecem relações de qualquer tipo? E o que pensavam das mulheres, casadas ou solteiras, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e muitos outro heterónimos ou pseudónimos, quando eram eles a invadir a cabeça de Pessoa?
Este é o terceiro livro temático que a Guerra e Paz Editores publica na colecção a que chamámos Os Livros de Fernando Pessoa. Antecederam-no Absinto, Ópio, Tabaco e Outros Fumos e Tenho Medo de Partir. Cada um destes livros é sobre uma ideia, a ideia de vício, a ideia de viagem e, agora, a ideia de mulher. Porém, e basta compará-las, estas três antologias são, afinal, sobre uma e a mesma coisa, sobre a superioridade
dos processos mentais, sobre a superioridade das «formas», das «ideias», num platonismo de século xx que, semidesfigurado embora, insiste em desvalorizar o corpo e os processos sensoriais. Lêem-se os textos e percebe-se quanto as viagens, as drogas, a sexualidade são, de Pessoa e para Pessoa, aventuras e experiências apenas mentais.